Espécie rara no futebol moderno

"Actualmente, em Portugal e não só, a posição de defesa esquerdo é uma espécie de calcanhar de Aquiles nas equipas. Aqueles laterais rápidos que fazem bem toda a lateral, bons cruzadores, donos e senhores de potentes pés esquerdos e com solidez defensiva e com alguma envergadura para cobrir os postes nos cantos e cruzamentos, estão de facto em vias de extinção. No Euro 2008, Paulo Ferreira foi o improviso arranjado por Scolari para preencher essa lacuna. No FCPorto, Fucile ganhou o concurso ao lugar, relegando para o banco dois Defesas Esquerdos, no caso particular do Marek Cech, um bom esquerdino. No caso do Benfica, o problema não existe graças a Léo, que peca um pouco pela altura e robustez física. O sporting assegurou o concurso de Caneira. Mas ano após ano, as equipas têm dificuldades a assegurar bons laterais esquerdos. Será responsabilidade da formação em Portugal?" in gazzetta-futebol, 18-07-08



Meio ano depois, o FCPorto encontrou uma solução para o sector canhoto da defesa: Aly Cissokho.
O jogador adaptou-se rápido, foi titular desde que chegou ao clube até ao fim da época e, mesmo sem deslumbrar, deixou para trás a fraca concorrência de Benitez.
Jogo após jogo, Aly melhorava, as suas investidas no ataque já eram mais levadas a sério pelos adeptos, na defesa não complicava, e apesar de algumas falhas ocasionais, Cissokho prometia.
Quando o FCPorto enfrenta o Manchester United nos quartos de final da Champions, Cissokho fez provavelmente as suas melhores exibições desde que veio para Portugal. Primeiro Ronaldo, depois Rooney. Nem um nem outro conseguiram penetrar na área portista pelo lado esquerdo. Ganhou práticamente todas as bolas disputadas naquela zona do terreno, cruzou com perigo e até rematou. Cissokho tinha brilhado na montra europeia e o seu valor de mercado inflaccionado em alguns milhares percentuais.
Lyon, Bayern, Tottenham e AC Milan estão interessados no jogador e a sua transferência pode ficar concluída por 15 milhões de euros(custou 300 mil euros ao Porto em Dezembro deste mesmo ano).


Dada a escassez de defesas esquerdos puros no futebol actual, não seria lucrativo para um clube, dedicar-se á prospecção de jovens com potêncial para desempenhar essas funções com o objectivo de "exportar" essas pérolas?
Se Cissokho fosse central, médio ou até avançado, teria tanto valor de mercado?
Isto é a lei da oferta e da procura aos olhos de todos no futebol actual.