terça-feira, 5 de agosto de 2008

LEAO DA ESTRELA: A maldição da braçadeira


O “caso” João Moutinho, por estar em causa o “capitão” do Sporting, é irónico e preocupante para o clube. Por uma razão: é mais um “capitão” da equipa de futebol que se encontra numa situação desconfortável dentro do Sporting. Neste caso, porém, por um motivo inédito, sem que possam ser atribuídas responsabilidades pelo imbróglio aos dirigentes leoninos. Foi Moutinho quem disse o que não deveria ter dito, apagando por completo os efeitos positivos da vitória de um torneio de pré-temporada e criando um problema no grupo de trabalho...
Independentemente de a questão poder ser resolvida a contento das duas partes, a verdade é que Moutinho – caso não continue no plantel – poderá ser o próximo “capitão” do Sporting a deixar Alvalade pela porta pequena. O que não deixa de ser motivo de grande reflexão para os dirigentes sportinguistas, pois tem a ver com a relação directa entre o clube a as suas referências desportivas mais queridas.
Ao longo dos últimos anos da história do Sporting, houve erros e omissões de todas as partes. O objectivo desta nota não é encontrar responsáveis. Trata-se de apontar factos que são indesmentíveis, para que os sportinguistas e os dirigentes do clube reflictam e encontrem as raízes dos problemas criados. A verdade é que, nos últimos anos, são abundantes os exemplos de capitães que deixaram Alvalade pela porta dos fundos. Vejamos os casos de que me lembro:
Manuel Fernandes, o nosso grande ídolo dos anos setenta e oitenta, não teve lugar em Alvalade até ao fim da carreira e teve que se refugiar em Setúbal, onde continuou a marcar golos ao lado de Rui Jordão.
Oceano Cruz, grande referência do meio-campo leonino e da selecção nacional nos anos oitenta e noventa, teve de ir para França provar que poderia jogar mais tempo.
Yordanov, exemplo de raça e profissionalismo, acabou doente e a dirimir um processo em tribunal contra o clube por causa de um jogo em sua homenagem que não se realizou.
Pedro Barbosa, que entre meados da década de noventa e a primeira metade desta década foi um dos futebolistas leoninos mais talentosos, também rompeu com os dirigentes responsáveis pelo futebol, em 2005, abandonando o clube em litígio com Paulo Andrade e Rui Meireles, então administradores da SAD. Acabou por regressar posteriormente, como director desportivo, quando os dirigentes que o afastaram já não estavam em funções.
Beto, um dos símbolos da formação leonina dos anos noventa, sucedeu a Barbosa como “capitão”, mas o seu reinado durou pouco tempo. Em Janeiro de 2006 saiu em ruptura com Paulo Bento, depois de se incompatibilizar com Custódio. Foi para França.
Ricardo Sá Pinto, outro exemplo de raça, conhecido pelo seu "coração de leão", que sucedeu a Beto como “capitão”, em 2005-2006, não geriu muito bem a sua carreira, anunciando a retirada para o final desse ano, mas acabando por voltar atrás. A SAD não achou piada à mudança de opinião e Sá Pinto, em ruptura com o Sporting, foi pendurar as botas ao serviço do Standard de Liège.
– Recuando uns bons anos, percebemos que a maldição da braçadeira de capitão do Sporting tem raízes históricas. João Laranjeira, histórico “capitão” e campeão leonino nos anos setenta, acabou a sua carreira no rival Benfica...
Por estes casos, a função de “capitão” do Sporting parece talhada à medida para gerar os casos mais complicados. O protagonista do momento é João Moutinho.

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